Duck World

Monday, October 08, 2007

Jornalistas...

Os últimos meses têm sido bastante difíceis para a nossa Pata. Mudou para uma pateira nova, recomeçou os 538787 trabalhos simultâneos (Ah pois! A vida tá difícil e é preciso pagar a pateira!) e ainda teve de arranjar tempo para tratar dos seus estudos (Sim, ela é uma pata em Formação Contínua, que precisa de aprender mais, para poder ganhar mais, para poder pagar a pateira nova).
Há uns dias atrás, enquanto as penas das asas manobravam habilmente o comando da televisão numa típica rotina de zapping, os seus olhos e ouvidos detiveram-se num canal televisivo português. Perguntava o jornalista, enfiando o microfone na boca do entrevistado, não fosse este conseguir dizer mais do que devia: "Então e como é que você se sente pela sua mãe ter sido assassinada com uma casca de noz, por o seu pai estar neste momento entre a vida e a morte e o seu cão ter sido vorazmente devorado pelo piriquito da sua namorada?" O inquirido limitava-se a dizer que era muito triste, dentro do que o espaço ocupado pelo microfone lhe permitia.
Cansada de ver estas figuras jornalísticas patéticas, a Pata carrega noutro botão do comando da TV (também esta acrescendo no valor das prestações a que a Pata em início de vida terá de sobreviver). Uma outra jornalista, com três entrevistados à sua frente, levava a cabo a pesada tarefa de pôr os três especialistas a conversarem sobre o mediático e infeliz caso de Madeleine McCann:
JORNALISTA: "Então e diga-me Dr. Chaves, sendo você um grande especialista em Apicultura, pensa que efectivamente os pais da menina poderão estar envolvidos na sua morte?"
DR. CHAVES: "Na minha opinião, sem dúvida que estão. Vejamos, os pais foram jantar fora... (eu vou obviamente omitir todas estas as explicações, dado que é uma história que toda a gente já sabe de cor e salteado pelos piores motivos) ... por isso na minha opinião os pais são completamente culpados, embora eu não acredite que eles lhe tenham feito algum mal."
JORNALISTA: "Muito obrigada. Penso que agora será a vez de perguntarmos ao Sr. Almeida, um conceituado especialista na recolha do lixo a sua opinião sobre o assunto."
A Pata suspira, enquanto na TV se vê um modelo do Ocean Club feito com fósforos, para simular o que verdadeiramente aconteceu. Ela pensa na pobre menina que, onde quer que esteja, está certamente alheia a este festival todo e muda novamente de canal. Sendo este horário, o que as "ciências" televisivas chamam de "horário nobre" (mas que pelo andar da carroça está a ficar cada vez mais popularucho) a Pata não estranha que nesta nova mudança de canal venha a encontrar novamente a cara de um jornalista, desta vez completamente encharcado, por causa da chuva, com um microfone na mão, exaltadíssimo com a notícia que tem para dar, pois deve estar certo que o mundo nunca mais será o mesmo assim que disser as seguintes palavras: "Pois é, José, neste momento encontro-me à porta do hotel onde está hospedada toda a equipa do Sporting. Interrompemos a tua entrevista a um conceituado político ex-Primeiro-Ministro português, para actualizar as notícias sobre o clube leonino e para informar que continuamos todos à espera que saia alguém do hotel. Até ao momento ainda não vimos ninguém, mas certamente sairão em breve e a nossa televisão estará aqui para cobrir esse momento. Gostaria também de acrescentar, e isto é um ponto muito importante na história do futebol português, que o Liedson terá pedido para trocar de quarto, porque, de acordo com o que conseguimos apurar, a sanita da sua suite se encontrava entupida. Por agora é tudo. Caso hajam novos desenvolvimentos, entraremos novamente em directo."
Por esta altura, a imagem volta novamente para o estudio onde está a ser feito o noticiário e a Pata contempla a cara aflita do José que está naquele preciso momento a olhar para a cadeira agora vazia, onde momentos antes estava sentado o conceituado político ex-Primeiro-Ministro.
A Pata suspira novamente e muda para a RTP 2. A esta hora deverá estar a dar um interessante episódio do Noddy, com o qual a Pata irá certamente aprender qualquer coisa importante...

Wednesday, August 01, 2007

Pata sobre rodas



Após uma manhã passada em exaustivas pesquisas num conhecido Itinerário Complementar que conduz à grande capital, dentro do seu carrinho cor-de-cabeça-de-pato-bravo, a pata chegou a casa morta, mas capaz de definir uns quantos perfis na ciência automobilística nacional. Pretende-se, com este aturado trabalho, que cada um dos leitores possa enquadrar-se dentro dos comportamentos portugueses em frente daquela rodinha simpática a que comummente chamamos volante. Anda daí e define-te perante o mundo:

O Falcão
Espécie que podemos encontrar com frequência nas estradas portugueses. No primeiro segundo o nosso espelho retrovisor está vazio, no segundo temos um ponto, no terceiro faz-nos um vôo rasante e põe-se a buzinar atrás de nós para sairmos (mesmo quando ainda estamos a tentar perceber de onde veio) e num quarto e último segundo é novamente um mero pontinho na estrada à nossa frente. Por vezes tem dificuldades em compreender que, por muito que buzine e faça sinais de luzes, separadores de cimento e árvores não se afastam para deixar passar…

O Artista de Circo
Obviamente que artistas de circo, com o devido respeito, vão desde trapezistas a palhaços. Por isso consideramos de todo o interesse destacar que o condutor “artista de circo” se enquadra melhor nesta última categoria. Daí que muitas vezes, quando eles passam, a Pata imagine um tipo maquilhado, de cabeleira e nariz vermelho, com fato amarelo às bolas cor-de-rosa a guiar o veículo.
Eles ultrapassam pela direita, pela esquerda, na diagonal e se a coisa corre mal porque há um carro a entupir a faixa por onde eles querem passar, não se coíbem de travar e passar para duas faixas à direita, tentando meter o carro naquele bocadinho de 3 metros que sobra entre o camião e a ambulância. Motivações? Pressa para chegar, porque levam encomenda que tem de chegar a horas (mesmo que chegue desfeita e misturada com um bocado de metal e do condutor sinistrado).
Geralmente, depois das travagens, ziguezagues, sinais de luzes e curvas apertadas, o “artista de circo” tem como prémio ir dois carros à nossa frente na fila.

O Capitão Cautela
Cuidadosos a nível de rigor muito elevado. Geralmente até têm bons carros, mas andam devagar, não vá aparecer algum carro vindo daquele caminho de cabras que passa ao lado da Auto-Estrada. Começam a travar um quilómetro antes do semáforo, porque estão certos de que o sinal vai ficar vermelho quando estiverem a chegar. Se for necessário são eles quem param no meio da rotunda para dar passagem ao tipo que está pacatamente à espera para poder entrar e travam sempre completamente, mesmo que venham da única estrada com prioridade no entroncamento.

O Número Perfeito
Este tipo de condutor convenceu-se, em algum momento da sua vida, que 50 era o número perfeito. Por isso, 50 km/hora, por ser um limite de velocidade tão comum é óptimo para tudo: dentro das localidades, fora delas, na auto-estrada (não interessa se é na faixa da direita, na do meio ou na da esquerda), numa estrada completamente vazia, a direito, a subir, a descer uma inclinação acentuada e até vale para passar um STOP no cruzamento a essa velocidade! O importante é mesmo manter os 50 km/hora. E se o polícia mandar parar e perguntar porque se passou o sinal vermelho lá atrás a resposta só poderá ser: “Eu, Sr. Guarda?! Mas eu vinha a 50!!”

O Justiceiro
Esta tipologia não apresenta características particulares de velocidade, nem de perícia. Quer dizer, acha que tem tanta perícia, que ele é que deve ensinar aos outros como verdadeiramente de conduz: se formos muito rápido, ultrapassa-nos e trava à nossa frente para aprendermos como é; se formos muito dev
agar apita-nos e faz sinais de luzes porque temos de andar mais depressa; se não lhe demos passagem lá atrás ultrapassa-nos por onde for possível e acelera para fazer cair o sinal vermelho que controla a velocidade; se o tentamos ultrapassar porque vai muito devagar, acelera e aperta connosco. Quando é mal sucedido geralmente acaba a ser descolado, com uma espátula, de algum muro. Quando é bem sucedido, chega a casa e vai logo contar à mulher (ou alguma criatura com quem coabite), enquanto coça o pêlo no peito ou os tomates, que o dia correu bem, porque mostrou ao outro o que é quer bom para a tosse (independentemente de ter arruinado a caixa de velocidades).

O Proprietário
Este é que manda! A estrada é dele, não interessa se há trânsito ou não, e todos têm de se desviar para ele passar, porque ele é que manda. E aí do calhambeque que se meta à frente do seu poderoso carro, porque o seu carro é o melhor! O seu carro vai a toda a parte! O seu carro é dono das estradas e arredores! Cola-se aos outros se eles não andam à velocidade que ele quer e obriga os detrás a reduzir se vierem com muita pressa. Não interessa se no cruzamento não tem prioridade ou se vem um camião, se a cancela fechou porque o comboio vai passar ou se está gente na passadeira. A estrada é todinha dele, sem complexos, sem limitações… excepto pela betoneira que vinha a sinalizar a mudança para a nossa faixa há uns bons minutos.

O Complexado
Este condutor muitas vezes cria uma auto-imagem de si muito elevada. Ou melhor, acha que os outros vão achar que ele é bom. Na verdade, este condutor apresenta uma sintomatologia muito típica de alguém que tem graves complexos, geralmente de natureza sexual. Ou está sozinho e ninguém lhe liga, ou tem vergonha das dimensões de certas partes do corpo ou possui alguma dificuldade específica no que toca à vida íntima. Por isso, nada melhor do que agregar uma parte mecânica ao seu corpo, como é o caso do carro. Por vezes também implica artilhar o carro todo e metê-lo a fazer barulho (mesmo que não ande mais depressa). Assim, ele pode meter-se com as miúdas do carro do lado, que na verdade nunca passarão disso mesmo: miúdas do carro do lado. Pode “picar-se” com o carrinho mais pequenino que ele, ou com a velhota que vai a conduzir o Audi, para depois dizer aos amigos que “deu baile” a um Audi. Esta tipologia também reúne características do perfil do Proprietário e do Artista de Circo. O problema é que quando sai do carro, todo o mundo construído nos últimos quilómetros volta a dar lugar a realidade…

O Zen (também conhecido por Piloto Automático)
Numa primeira variante, este condutor é conhecido por fazer da condução um prazer que se deve saborear a cada minuto. O problema é que enquanto saboreia a condução, as paisagens, os pássaros, a música… já a fila vai com 5 km atrás de si. Muitas vezes partilha características com o condutor do Número Perfeito.
A segunda variante deste condutor é aquele que, enquanto conduz, fuma e mete mudanças ao mesmo tempo, faz as palavras-cruzadas, barbeia-se, pinta-se, lê, faz crochet, preenche os papéis do IRS, joga Twister e, se for preciso, ainda consegue montar um puzzle. Dentro desta variante existe também o Zen Comunicativo, que consegue fazer tudo isto e ainda ir a falar ao telemóvel. Com tantos ofícios, este condutor polifacetado só peca por uma coisa: falta de mãos no volante e de olhos na estrada (coisa pouco importante, se pensarmos que o carro necessita de alguma assistência para ir de um lado para o outro).

Sunday, July 22, 2007

Após um período Zen... Duckling volta ao activo

A nossa pata esteve fechada para balanço durante alguns meses.
Eis que hoje, após uma produtiva conversa de café com outros animais conhecidos, a pata se decide a entrar novamente no universo bloguístico. Bem.. na verdade não é que ela já tivesse um grande historial. Hmmm, ok... esqueçam.
Esta pata intrometida anda pelos meandros da sociedade para descobrir podres e contar alguns episódios engraçados do dia-a-dia de alguém que vive quase, quase (quase!) numa grande cidade e assiste diariamente a situações daquelas que, bem pensadas, dão autênticas novelas. E agora que pensamos nisso, imaginem lá o que é, uma criatura baixinha como a pata, que todos os dias passa despercebida entre os passos apressados de quem vai para o trabalho, entre os vários carros que entopem as ruas de toda a zona suburbana da Grande Lisboa e entre os pés delicados de quem "cuscuvilha" a vida alheia.
Sem andar por aí a vender o peixe de "A novela da vida real" que tanto ouvimos falar nas nossas "populares" televisões, a pata orgulha-se de reapresentar o seu blog, onde se partilham episódios de vidas realmente reais, onde se calhar não há tiros, explosões, gravidezes inesperadas (esperamos nós!), mas sim laivos da estupidez quotidiana de todos nós.
Sejam benvindos! Está declarada aberto blogue da pata mais indiscreta dos Grandes Lagos e arredores.

Thursday, September 07, 2006

Duck World


Está decidido! Na minha próxima vida serei um pato.
Tudo bem que são badalhocos, resmungões, teimosos... mas são livres e alegres :) E não é assim que a vida se quer?
É deixar de lado pensamentos tristes e sentimentos fúteis de "sou a coisa mais desgraçada do mundo, tenham muita pena de mim". Isso não move mundos, só nos fere a auto-estima e nos deixa menos capacitados para encarar a vida como ela é.
"Tristezas não pagam dívidas." Em vez de ficar a pensar quão infelizes somos por não termos isto ou aquilo, o melhor mesmo fazer alguma coisa para mudar a situação. Lamentar-se nunca resolveu os problemas de ninguém.
Por isso, toca a abanar as asas, molhar o bico e lançar-se num mergulho corajoso para a frente.
Patos do mundo, uni-vos!
Um grande quack a todos :D